sábado, 6 de novembro de 2010

Memória da dor

É muito comum o atleta, logo após se tratar de uma lesão, sentir dores no local que estava lesionado e pensar: “Será que eu realmente estou sentindo essa dor ou estou procurando sentí-la?”. Eu sou fisioterapeuta e atleta amador e já tive essa sensação, essa dúvida se a dor realmente existia ou se era “coisa da minha cabeça”.

Quando o atleta retorna ao esporte, na maioria das vezes seu lado emocional está abalado, e ele corre pensando na dor, prestando atenção se está sentindo algo ou não... Pelo fato de ter ficado um período afastado de sua atividade esportiva., quando é liberado para finalmente recomeçar, vem aquela insegurança, aquele medo de que ele se lesione novamente e que aconteça tudo de novo... Muitas vezes o lado emocional fala mais alto, e a “suposta” dor pode ser fruto de nossa imaginação...

Mas existe uma explicação neurofisiológica para esse tipo de dor após lesão... Os nociceptores são as células nervosas responsáveis por transmitir o estímulo de dor ao Sistema Nervoso Central (SNC). Eles estão presentes em quase todos os tecidos do nosso corpo. Após uma lesão, como a Síndrome Femoropatelar (uma causa muito comum de dor no joelho dos atletas) ou uma fratura, por exemplo, os nociceptores da região da lesão estão hiperestimulados. Assim, um estímulo pequeno na região já é capaz de ser interpretado pelo SNC como dor.

A antecipação da dor, causada pelo medo e pela ansiedade, também pode estar relacionada com a intensidade dessa dor e alterar o limiar de percepção de dor do atleta.

Os treinos de propriocepção (treinos de equilíbrio), que fazem parte da reabilitação do atleta, são de extrema importância para que este retorne ao esporte não só mais preparado fisicamente, mas também mais seguro e confiante.

Mesmo após ser liberado da fisioterapia, o atleta deve continuar com acompanhamento profissional, fazendo avaliações periódicas e reforço muscular, como musculação ou pilates. Este acompanhamento é importante não só para evitar a recidiva de lesão, mas também para que ele se sinta realmente capacitado e saiba seus limites.